Sistema Especial de Liquidação e Custódia


Olá pessoal!

O Post que fará uma análise a respeito da viabilida de deixar de trabalhar caso uma pessoa ganhe um prêmio de loteria está quase pronto. Farei uma revisão e dentro em breve será publicado.

Mas, na onda dos acontecimentos cotidianos, caso não tenha percebido, cumpre-nos informar que ontem encerrou-se a reunião do COPOM que decidiu manter a SELIC nos níveis atuais, a 7,25% ao ano.

"Ah, tá! Sei! E kiko?", você deve ter pensado. Pois saiba que sim, você tem muito a ver com isso. Talvez mais do que pensa! Continue lendo este Post e descubra porque.

Objetivos:
  1. Explicar o que é o COPOM e a SELIC;
  2. Demonstrar como as decisões do COPOM a respeito da SELIC afetam o cidadão comum.

Comitâ de Política Monetária - COPOM


O COPOM é um comitê do Banco Central do Brasil composto pelos 8 membros de sua Diretoria. Sua função é "implementar a política monetária, definir a meta da Taxa Selic e seu eventual viés (prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta a qualquer momento entre as reuniões ordinárias), e analisar o 'Relatório de Inflação'".

O comitê reúne-se 8 vezes ao ano, conforme calendário previamente definido. Na oportunidade se discute a conjuntura doméstica abrangendo temas como inflação, nível de atividade, finanças públicas, economia internacional, mercado de câmbio, reservas internacionais, mercado monetário, avaliação prospectiva das tendências da inflação e expectativas gerais para variáveis macroeconômicas.

Ao final, coloca-se em votação propostas de meta para a Taxa SELIC e o viés, se houver. A meta estabelecida é imediatamente divulgada à imprensa ao mesmo tempo em que é expedido Comunicado através do Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen).

Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC


A Taxa SELIC é a taxa apurada no SELIC (sistema eletrônico do Banco Central), obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada das operações diárias de financiamento, através do próprio sistema, lastreadas em títulos públicos federais.

De forma simples e resumida: um determinado banco, possuidor de Títulos Públicos do Governo Federal, precisa de determinada quantia em dinheiro por 1 dia para garantir seus compromissos. Então ele acessa o SELIC e oferta a venda de seus títulos públicos comprometendo-se a recomprá-los no dia útil seguinte. Outro banco, que tem dinheiro "parado", compra este títulos comprometendo-se a revendê-los no dia útil seguinte. Na operação é definida uma Taxa de Juro de 1 dia. A média ponderada das taxas dessas operações, anualizada, resulta na Taxa SELIC.

O Banco Central, então, define metas para a SELIC e passa a negociar os Títulos Públicos tendo como base esta meta. As instituições bancárias, por sua vez, sabendo o valor que o Banco Central alterou as taxas utilizadas na negociação dos Títulos Públicos, buscam otimizar seus rendimentos e revêem as taxas cobradas para emprestar recursos, lastreados em Títulos Públicos, a outros bancos. Assim, através da análise do Custo de Oportunidade e da Lei da Oferta e Demanda, a Taxa SELIC, por fim, se aproxima da meta do Banco Central.

Lindo, não é?

O gráfico a seguir demonstra a evolução da meta para a Taxa SELIC desde 1.996:


E Kiko?

Direta ou indiretamente, em maior ou menor grau, para o bem ou para mal, essa decisão afeta a todos brasileiros (quiçá estrangeiros). A questão é: Como isso afeta o dia a dia dos pobres mortais, se não sou eu que estou lá negociando no SELIC?

Meu amigo Jack diria "Vamos por partes":

1) Taxas de juro dos bancos

A Taxa SELIC é a taxa de referência do mercado financeiro. Quando o Banco Central modifica a meta automaticamente todos os bancos revêem suas taxas praticadas para alinhar com a nova meta.

Em tese deveria funcionar assim: uma redução da meta da Taxa SELIC torna a aplicação em Títulos Públicos pelos bancos menos atrativa. Com um rendimento menor nessa modalidade espera-se que os bancos vendam parte de seus Títulos Públicos e aumentem o volume de dinheiro emprestado a empresas e pessoas. Com o aumento do volume de dinheiro a emprestar (oferta) a taxa cobrada pelo empréstimo (preço) cairia pois a quantidade de tomadores (demanda) não teria se alterado ainda. Em caso de elevação da Taxa SELIC, ocorreria o oposto.

Mas isso só em tese porque na prática o que percebemos é que quando a Taxa SELIC é elevada as taxas dos empréstimos sobem rapidamente. Quando a Taxa SELIC é reduzida o "repasse" para as taxas de empréstimo bancário é bem pequenininho, quase imperceptível. Acredito que isso ocorra em função da concorrência deficitária no sistema bancário brasileiro.

2) Fundos de Previdência

A maior parte dos recursos dos fundos de previdência (inclusive do INSS) são aplicados em Títulos Públicos do Governo Federal. Portanto, se a Taxa SELIC é reduzida o rendimento desses fundos também o é. Se os rendimentos caem, colocam em risco o cumprimento da meta atuarial do fundo. Se coloca em risco o cumprimento da meta atuarial, coloca em risco a SUA APOSENTADORIA.

Mas não se preocupe (pelo menos não excessivamente) pois os fundos possuem gestores profissionais que tomam decisão de diversificação dos investimentos de acordo com a conjuntura econômica com objetivo de aumentar a rentabilidade. Em tese, eles são mais qualificados para isso que nós, meros mortais (contudo, é bom que saiba, há um estudo demonstrando que gatos domésticos são gestores melhores que esses profssionais).

3) Poupança

Desde maio/2012 o Governo alterou a regra de remuneração da poupança (valendo apenas para novos depósitos): sempre que a Taxa SELIC for igual ou inferior a 8,5% ao ano o rendimento será calculado na proporção de 70% da Taxa SELIC.

Hoje a Taxa SELIC está definica em 7,25% ao ano. Significa, portanto, que a poupança terá um rendimento anual de 5,08%. Para fins de comparação, saiba que o IPCA, índice oficial de inflação do Governo Federal ficou em 5,84% em 2012. Isso significa dizer que, caso a inflação de 2013 fique no mesmo patamar e a SELIC permaneça o ano todo estável em 7,25% você obterá um rendimento REAL NEGATIVO de 0,76%. Em outras palavras: VOCÊ TERÁ PERDIDO DINHEIRO!

Não se desespere, leia o quarto item!

4) Investimentos

Uma poupança com pouca atratividade não é algo necessariamente ruim. O baixo rendimento faz com que as pessoas migrem para outras modalidades de investimento e/ou utilizem o dinheiro da poupança para o consumo, movimentando a economia, gerando emprego e renda.

Uma oportunidade que aparece logo de cara, quase tão segura quanto a poupança, é o investimento em Títulos Públicos (acessível a qualquer pessoa pelo Tesouro Direto). Para ter uma ideia, o título NTNB 150850, hoje, proporcionaria ao comprar um rendimento IPCA + 3,79% ao ano. Ou seja, se a inflação de 2013 for a mesma de 2012 quem comprasse este título teria uma rentabilidade de 9,63% ao ano (quase o dobro da poupança, sem considerar Imposto de Renda e custos).

Por outro lado, quem já tem o costume de investir em Títulos Públicos sentirá seu rendimento se reduzir. Com isso também buscará aplicações mais arriscadas com objetivo de aumentar ganhos. Então, tendem a vender seus títulos e aplicar no mercado de Renda Variável. Com isso pressiona o preço das ações levando a uma valorização do mercado acionário.

5) Custo de Oportunidade

Aqui farei apenas uma pergunta: Conseguiu perceber este conceito entrando em campo em praticamente todo o texto? Se não, sugiro que releia com maior atenção. É importante que ele fique muito claro!

Bom, longe de querer abordar tudo que envolve e é impactado na economia e na sociedade pela decisão de APENAS 8 pessoas "iluminadas" tentei esclarecer alguns pontos principais desse aspecto.

Espero que tenha conseguido fazer você perceber que nada, em Economia, ocorre por acaso e que tudo está interconectado. Ao mexer em uma variável, infinitas outras se alteram e o efeito pode ser imprevisível!

Portanto, da próxima vez que o COPOM se reunir, fique atento!

Um grande abraço e até a próxima!


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