Como a Classe Média pode Acessar Aplicações Mais Rentáveis?





Como a Classe Média pode Acessar Aplicações Mais Rentáveis

Olá pessoal

Um leitor do blog havia levantado uma questão: "Como a classe média pode acessar aplicações mais rentáveis?". Vamos analisar esta questão?

Os objetivos deste artigo são:


  • Demonstrar quais são os principais erros das pessoas quando o tema é investimentos;
  • Dismistificar algumas ideias equivocadas sobre investimentos;
  • Alertar para algumas armadilhas.


Como a Classe Média pode Acessar Aplicações Mais Rentáveis

A questão


Reproduzo, a seguir, como a questão foi colocada:

"... o grande dilema da classe média está aí!
Quando investimos nossos parcos recursos somente conseguimos alocá-los em CDB, poupança, um fundo de baixa rentabilidade ou em títulos da dívida. Pois bem, ao final do mês o que encontramos é um rendimento que sequer corrige o dinheiro. Assim, torna-se mais atraente gastar o dinheiro, para a maioria das pessoas.
Eu só vejo como alternativa para a classe média, especialmente para quem é empregado e não consegue elevar o salário mensal, investir em algum negócio, especialmente com serviços: aula de banca, ornamentação para festinhas, DJs, vender doces etc, mas claro que você não pode dar esse tipo de conselho... rs rs
Nós vendemos semi-joias, minha filha e esposa é quem cuidam desse negócio, mas que levamos ainda de forma 'low profile'."

Vamos chamá-lo de Bernadino. Para facilitar o raciocínio, vamos dividir a questão em partes, não necessariamente de forma linear.


Como a Classe Média pode Acessar Aplicações Mais Rentáveis

O "X" da Questão


Talvez a questão mais relavante do comentário de Bernadino seja o dilema entre aproveitar o presente ou poupar para o futuro, expresso no trecho: "torna-se mais atraente gastar o dinheiro, para a maioria das pessoas".

Bernadino colocou a questão acima após levantar a hipótese de que, ao final do mês, as pessoas ficariam decepcionadas com o rendimento auferido. É verdade! O rendimento de grande parte das aplicações financeiras ficam aquém da pressão inflacionária. Mas, o que pergundo de volta a Bernadino é: As pessoas normais fazem comparações deste tipo? Arriscaria dizer que não.

Portanto, o gastar agora advém, suponho, de outros fatores que não uma ação racional por parte das pessoas. Até porque se o que foi citado de fato ocorresse ousaria afirmar que seria uma escolha sábia. Mas na prática observamos que o que leva as pessoas a não pouparem é:

1. Consumo por impulso;
2. Inveja;
3. Crédito fácil (porém caro).

Assim, chegamos no primeiro fator que impede a Classe Média de acessar aplicações mais rentáveis:

Como a Classe Média pode Acessar Aplicações Mais Rentáveis

#1 - Inexistência de hábito de poupar


Para investir é preciso ter recursos. Para ter recursos é preciso poupar. Se não poupo, como acumular recursos para investir? Não há mágica. Charles Mackay, em 1841, em sua Obra Prima "Ilusões Populares e as Loucuras das Massas", destacou a desvairada busca da humanidade pela Pedra Filosofal. E foi nesta busca pelo enriquecimento mágico que muitos charlatães fizeram fortunas frente a boa fé dos incautos. E o que seria o sonho de acertar os seis números mágicos se não a busca pela Pedra Filosofal?

Diferentemente, o hábito de poupar requer esforço. Requer a quebra de paradigmas. Requer abdicar do consumo no presente para obter um benefício no futuro. E isso pouco atrai as pessoas. Mas olhar, então para aqueles que poupam.

Quando o hábito de poupar está instalado, geralmente optamos por colocar os recursos naquilo que, aparentemente, conhecemos muito bem. Isso é natural e biologicamente explicável. Nos tempos idos da vida em tribos, ao encontrarmos uma área geográfica com uma boa fonte de recursos custávamos a nos mover para novas áreas até que os recursos se tornassem escassos novamente.

Isso porque embrenhar-se no meio de florestas e desertos sempre é algo que eleva o nosso risco. Então, optávamos por permanecer em segurança. Contudo, haviam desbravadores (os bandeirantes, por exemplo). E a estes a recompensa (se sobrevivessem) era terras mais férteis, com maior quantidade de caça, enfim, maior riqueza. Portanto, eles se diferenciavam por não terem:

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#2 - Medo de assumir maior risco


O medo nos paralisa. A coragem nos movimenta. No primeiro filme da série "Homem Aranha", o personagem Tio Ben, dá uma valiosa lição ao jovem Peter Parker: "Grandes poderes trazem grandes responsabilidade!". Podemos parafrasear Tio Ben e afirmar que "Grandes riscos trazem grandes ganhos!".

Todo mundo quer ter ganhos acima da média do mercado. Mas ninguém quer correr risco maior que o da poupança! É incrível como, mesmo tendo rentabilidade real negativa a poupança no Brasil ainda consiga bater recordes de captação. É algo irracional (porém explicável). E a explicação está na:

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#3 - Preguiça de aprender sobre outros produtos financeiros


Não tem outra explicação! Vá lá, uma certa deficência no ensino básico da matemática influencia! Mas quer motivo melhor para aprender matemática do que saber que está perdendo dinheiro ao deixar seus recursos na poupança? E o esforço para melhorar alguns décimos percentuais a rentabilidade líquida é tão pequeno quanto o ganho proporcionado, digamos um dia (na pior das hipóteses).

Ou seja, sem muito esforço você pode melhorar 0,2 p.p. seu rendimento. Num prazo de 30 anos isso significa a diferença entre obter rentabilidade 181% ou 353% sobre um determinado capital investido.

Não é demais frisar que essa elevação de rentabilidade se daria através da migração para um investimento de risco igual ou equivalente ao da poupança. Portanto, dessa preguiça decorre o fato de que as pessoas possuem:

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#4 - Baixa diversificação dos investimentos


São poucas as pessoas que aplicam em diversas modalidades de investimento. Com isso perdem oportunidades obter alguns lucros extraordinários como o proporcionado pelo Ouro (+7,5% em Jul/2013) ou Dólar (11,5% de Mai a Jul/2013) - A poupança rendeu 0,52% em Jul/2013 e 1,5% de Mai a Jul/2013, já o IPCA evoluiu 0,03% (Milagre!) em Jul/2013 e 0,7% de Mai a Jul/2013 (Dois milagres?).

Ao não diversificar seus investimentos dois erros são cometidos: 1) exposição excessiva a um determinado risco; 2) perda de oportunidades em outros tipos de investimentos.

Uma boa alocação de ativos é fundamental para o controle do risco e a preservação do patrimônio do investidor. Mas uma diversificação exagerada leva a aumento nos custos financeiros. Assim, como um paradoxo, também é um erro comum a:


#5 - Baixa concentração em produtos específicos


Se concentro estou errando; Se diversifico estou errando. Como assim?

Quando falamos de diversificação estamos falando alocar os recursos em CLASSES de ativos diferentes. Quando falamos em concentração estamos falando em ativos dentro das classes.

Os Fundos de Investimento, por exemplo, possuem taxas menores à medida que o aumenta o valor do investimento inicial exigido. Assim, não faz sentido o investidor ter 2 ou 3 fundos de uma mesma classe, Renda Fixa, por exemplo. Seria mais inteligente concentrar seus investimentos em um único fundo e, dessa forma, pagar uma menor taxa de administração por seus recursos.

Na renda variável a lógica é similar. Se eu pago R$ 10,00 de taxa de corretagem por cada operação de compra e venda e possuo 50 ativos diferentes terei um custo de, no mínimo, R$ 1 mil. Contudo, se tenho apenas 1 ativo meu custo será de R$ 100,00. Faça as contas: Se meu capital é de R$ 50 mil, a primeira opção representa 2% do meu capital enquanto a segunda opção 0,2%.

A bem da verdade, a diversificação em renda variável é sempre desejável. Entretanto, há produtos no mercado que permitem a diversificação com um custo muito mais reduzido do que comprar os ativos  diretamente: ETFs.

Quando se investe através de fundos, na prática você está entregando seu dinheiro a um administrador de confiança (será? você conhece os gestores do fundo em que investe?) que, em tese, por ser um especialista poderá potencializar a sua rentabilidade. Portanto, podemos afirma que é uma:

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#6 - Terceirização dos investimentos


Não sou contra fundos de investimento. Pelo contrário. Eles possuem um papel fundamental na introdução de novos investidores ao mercado financeiro. Contudo, sou contra a sua comercialização como produtos bancários. Afinal, não é o que são.

Voltando. Fundos possuem gestores. Gestores precisam ser remunerados pelos serviços prestados. Pagamos (às vezes caríssimo) por isso. Vamos aos números.

O Banco do Brasil possui um fundo DI chamado BB Referenciado DI Social 50 (não é propaganda nem recomendação, é apenas um exemplo). A taxa de administração desse fundo é de 2,60% a.a. (a.a. significa ao ano).

Parênteses 1: Esse fundo destina 50% da taxa de administração para Fundação Banco do Brasil investir em programas sociais, como exemplo projetos de educação e geração de emprego e renda. Fazer caridade com o dinheiro dos outros é massa, né? Ainda mais quando trata-se de uma fundação cujo gestor é o mesmo do fundo.

Fazendo uma conta simplificada: Se você aplicar R$ 1 mil reais nesse fundo por um ano pagará R$ 26,00 ao BB a título de Taxa de Administração. Pois bem. Saiba que fundos do DI investem, basicamente, em Títulos Públicos. E você pode comprar Títulos Públicos "diretamente" utilizando o Tesouro Direto.

Ao comprar Títulos Públicos através do Tesouro Direto, o investidor incorre em duas taxas: 1) Taxa de custódia da BMF&BOVESPA no valor de 0,30% a.a.; 2) Taxa de serviços do agente de custódia que, no cado do BB é de 0,50% a.a.

Parênteses 2: A taxa cobrada pelo BB é a mais cara do mercado. Há, inclusive, corretoras que cobram 0% a.a. para investimentos em Título Públicos. Claro que esses 0% não são, necessariamente, de graça. São um chamariz para que possam ofertar outros produtos aos investidores.

Então, somando-se as duas taxas o percentual de 0,8% a.a.  Quase 70% menor que a taxa cobrada pelo fundo citado! Em números, pelos mesmo R$ 1 mil reais investidos através do Tesouro Direto o investidor pagaria R$ 8,00 (se utilizar uma corretora que não cobra taxa de serviço o valor seria R$ 3,00).

Agora faça você mesmo a conta: Veja quanto tem investido, calcule quanto pagaria de taxa de administração com base nesse valor usando os exemplos acima e multiplique pela quantidade de anos que pretende manter o valor investido. Não se assuste, por favor!

Outra característica das pessoas é o desejo de se obter resultado imediato. Com isso cometem o erro de:

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#7 - Não dar tempo ao tempo


Todo investimento requer um tempo para maturação. Um longo tempo, diga-se de passagem. Só assim o juros compostos poderão fazer a sua "mágica". A falta de paciência faz com que as pessoas mudam constantemente de aplicação. Em decorrência disso, aumentam seus custos de transação, antecipam o pagamento de Imposto de Renda, vendem ativos em momentos inoportunos assumindo prejuízos decorrentes da volatilidade natural dos mercados, pagam ágio para adquirir "investimentos da moda", investem no que não conhecem e mais do que poderiam expondo-se a riscos desnecessários.

É possível que essa impaciência em gerir seus recursos esteja relacionada ao sonho de enriquecimento rápido e fácil. O que não percebem é que esse movimento acaba por dizimar suas chances de enriquecimento.

O foco do especulador é o ganho com a volatilidade. Mas o foco do investidor deve ser a formação de uma patrimônio sólido, que lhe proporcione uma renda que cubra seus gastos. Assim se conquista a liberdade financeira.

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Vários caminhos levam a Roma


Bernardino termina seu comentário afirmando que só vê como solução para quem "não consegue elevar seu salário" a assunção de novas obrigações laborais, citando especialmente atividades autônomas. O engraçado é a afirmação "você não pode dar este tipo de conselho". E por que não?

Vamos tentar organizar uma linha de raciocínio aqui. Digamos que Bernadino seja empregado de uma empresa. Como tal, possui uma renda definida. Essa renda não se alterar de um mês para o outro. Para auferir maior renda precisará da autorização do proprietário da empresa que, em reconhecendo o valor daquele profissional, poderá lhe promover.

Uma vez que há essa limitação, para superá-la faz-se necessário que Bernadino (ou seus familiares, se falarmos de renda familiar) tenham atividades paralelas, como a venda de semi-jóias. O que está fazendo Bernadino, se não investindo? Pois, recomendo sim que atitudes como essas sejam tomadas. Um negócio pode começar informal e crescer a ponto de tornar-se mega corporações (Apple que o diga).

A questão é que o negócio de semi-jóias precisaria evoluir. Isso porque enquanto é negócio que precisa consumir o tempo de Bernadino, ficará sempre limitado a este fator. Portanto, limitará a renda de Bernadino. E em limitando a renda e em havendo um aumento do nível de consumo chegará o momento em que se desejará mais e não será possível obter mais a partir deste modelo de negócio.

Daí a vantagem de se investir no mercado financeiro. A renda gerada pelos investimentos é uma renda passiva, que não depende do tempo do investidor para gerar mais recursos. Se você compra um Título Público, sua renda está garantida pela taxa de juro. Se você compra ação de determinada empresa, sua renda está garantida pelo trabalho de milhares de empregados daquela empresa.

É como escrever um livro, compor uma música de sucesso ou inventar alguma engenhoca revolucionária. Uma vez realizado o trabalho, a renda decorrente independe dos esforços adicionais.

Simples assim.


Um grande abraço e até a próxima!


Kleber Rebouças

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Conselho Regional de Educação Física CREF 12ª Região-AUXILIAR ADMINISTRATIVO-ASSISTENTE ADMINISTRATIVO



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