Investimentos Inteligentes - Protegendo-se dos Riscos



Investimentos Inteligentes - Protegendo-se dos Riscos


Olá pessoal!

Se há algo que a vida nos proporciona diariamente é correr risco. Só o fato de estarmos vivos já nos coloca em risco de morrer. Nassim Taleb, em seu livro Cisne Negro, nos ensina que sempre estamos sujeitos a sermos afetados pelo impacto do "altamente improvável".

O "altamente improvável" está relacionado a tudo aquilo que não podemos prever, nos antecipar, mas que pode acontecer e mudar radicalmente o cenário em que estamos inseridos. Preparar-se para esses cenários (mesmo que não se possa prevê-los) é fundamental para uma vida financeira equilibrada.

Os objetivos deste artigo são:


  • Refletir sobre alguns riscos aos quais nós, seres humanos, estamos necessariamente sujeitos;
  • Sugerir algumas ações possíveis para nos prepararmos contra imprevistos.







Riscos da vida


A primeira proteção que devemos ter é contra imprevistos relacionados a nossa vida diária. Todos estamos sujeitos a passar por situações que podem nos desequilibrar, em maior ou menor intensidade e duração. Essas situações geralmente estão relacionadas a mudanças radicais no cenário de nossa vida que, em referência a Taleb, passaremos a denominar Cisnes Negros.

#1 – Cisne Negro da Morte


Você já refletiu como será o mundo sem você? O que acontecerá com as pessoas que dependem de você financeiramente? Você sabe que, depois de morto, haverão despesas relacionadas a sua morte que os herdeiros deverão arcar? Você sabe que os herdeiros terão que arcar com despesas de inventário relativas a tributos, taxas cartorárias, advogado, etc. que poderão consumir de 5% a 20% do patrimônio deixado?

Imagine: Você passa sua vida inteira suando e batalhando para construir um patrimônio e ao falecer 20% desse patrimônio pode, simplesmente, mudar de mãos de uma hora para outra!

Uma reflexão séria e objetiva sobre este momento, por mais que, para a nossa cultura, possa parecer um mau agouro, poderá poupar enormes dores de cabeça para os seus herdeiros. Sem considerar as particularidades de cada pessoa podemos elencar, de maneira geral, algumas medidas que deveriam ser tomadas para lidar com esta situação:


  1. Para seu/sua companheiro/a é fundamental que se faça um plano de previdência complementar conversível em pensão, especialmente se este não possuir renda;
  2. Se possui filhos, um plano de previdência júnior, preferencialmente associado a um seguro que garanta o pagamento da educação até a faculdade;
  3. Faça também um seguro de vida com valor segurado, no mínimo, correspondente a soma de todas as suas dívidas (financiamento imobiliário poderia ficar de fora já que necessariamente já embute um seguro deste tipo) e 20% do seu patrimônio. Dessa forma garante a seus herdeiros que, no mínimo, não sofrerão perda patrimonial em função de sua morte.



#2 – Cisne Negro da Doença e Acidente


Familiares que adoecem de forma inesperada (ou até nós mesmos) ou sofrem um acidente é, sem dúvida, um fator que pode provocar um desequilíbrio financeiro. Portanto, sabendo que adoecer é inerente a natureza humana, sofrer acidentes é algo altamente provável e contar com o Sistema Único de Saúde brasileiro, apesar do absurdo o valor que pagamos em impostos, não é desejável, um bom planejamento financeiro deve considerar uma reserva de emergência para essas situações.

Apesar dos bons planos de saúde cobrirem grande parte das doenças e possíveis cirurgias decorrentes de acidentes, a maior parte da população não possui renda suficiente para ter acesso a esses caríssimos planos e optam, portanto, por um de valor mensal mais baixo que deixa de fora da cobertura procedimentos mais complexos e caros.

Então, porque não constituir você mesmo sua reserva para emergências desse tipo?

Esta reserva financeira deve manter os recursos em investimentos de baixo risco e de liquidez imediata. Por baixo risco entenda os de renda fixa emitidos por instituições sólidas. Por liquidez imediata entenda a possibilidade de, a qualquer tempo, poder sacar os recursos investidos e que disponibilizados em sua conta corrente em, no máximo, 24h.

Repito: liquidez imediata, para essas situações, é fundamental.

Imagine uma família cujo patrimônio é composto por dois apartamentos de no valor de R$ 400 mil cada, com saldo zero em aplicações financeiras no banco. Talvez possam pensar: “Estamos protegidos contra situações emergenciais relativas a doenças e acidentes porque, se precisar, vendemos um dos apartamentos”.

Apesar de parecer um raciocínio correto, essa família não levou em consideração que, se a situação é emergencial, os recursos financeiros precisarão estar disponíveis imediatamente. E a venda de um imóvel não se dá de um dia para o outro. Pelo contrário, leva dias e, quiçá, meses. Para se vender um imóvel rapidamente é preciso arcar com uma redução muito grande no seu preço, digamos 25%.

Ou seja, um imóvel que seria vendido por R$ 400 mil seria ofertado por R$ 300 mil. Se esses mesmos R$ 400 mil estivesse aplicado em um fundo de renda fixa cujo o crédito em conta corrente se dá no dia seguinte ao do resgate qual seria o desconto a que esta família estaria submetida? ZERO!

Se você possui Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), pode considerar o saldo como parte da sua reserva para emergências. Isso porque além do tão comum uso para a compra da casa própria, o FGTS também pode ser utilizado por portadores de AIDS, neoplasia maligna e quando o trabalhador ou um dependente estiver em estado terminal de vida.

Como orientações gerais sugerimos:


  1. Ao seu seguro de vida, acrescente cláusulas que dê cobertura em caso de doenças graves e incapacitações decorrentes de acidentes;
  2. Constitua uma reserva financeira mantendo os recursos em investimentos de baixo risco e de liquidez imediata. Essa reserva deve ter algo entre seis a doze meses de sua renda mensal.



#3 – Cisne Negro da Velhice


A maior parte dos jovens não se preocupa como será quando envelhecerem. Então a velhice chega sem que nem percebam e, quando se dão conta, não dá mais para se preparar. Aí  vem os remédios, os exames médicos, plano de saúde mais caro, possivelmente a necessidade ter alguém para nos auxiliar nas tarefas mais rotineiras. Você está se preparando para isso?

Geralmente as pessoas pagam pela previdência pública (INSS) mas, enquanto jovens, não lembram que há um teto para os benefícios que pode não suprir toda a renda necessária para que mantenha o padrão de vida.

A situação aqui é a seguinte: hoje, o teto da previdência pública é R$ 4.159,00. Ninguém pode ganhar acima disso. Se você ganha R$ 7.000,00 e tem todos os requisitos necessários para se aposentar pelo teto, você receberá os R$ 4.159,00 do INSS. Uma perda de 41% em sua renda.

Um absurdo, não? Não, não é. Por duas razões:

a) As contribuições que você fez ao longo de sua vida profissional foi calculada sobre o teto, e não R$ 7.000,00. Então é ele mesmo que você deve receber;
b) Sem me alongar, a previdência pública é um absurdo em si mesma, uma expropriação indevida de dinheiro do contribuinte. É o governo lhe dando um atestado de incompetência para gerir seu próprio patrimônio – como se ele tivesse a capacidade fazer melhor que você (o FGTS é a mesma coisa).

Então, estamos fadados a ter essa perda de renda a nos aposentarmos? Não. O ideal é que ou você se prepare para ter recursos suficientes para bancar sua própria aposentadoria ou faça um plano de previdência privada. Veja algumas orientações:


  1. Faça um plano de previdência privada para você:
    Uma pessoa com 35 anos que pretende se aposentar aos 65 anos tem um tempo de contribuição de 30 anos (360 meses) pela frente. Com esse tempo, para receber uma renda de R$ 2.841 (que somados aos R$ 4.159 do INSS totalizaria os R$ 7.000) teria que poupar R$ 1.400 por mês obtendo uma rentabilidade real de 0,31% em seus investimentos.
    Se ele tivesse começado aos 20 anos o valor ser poupado mensalmente seria R$ 672.
    Se um pai preocupa-se com seu filho e inicia sua previdência assim que o filho nasce teria que poupar R$ 287 por mês.
  2. Faça um patrimônio diversificado que te proporcione uma renda. Ele deve ser formado por títulos da dívida pública, ações de empresas sólidas, imóveis para aluguel, metais preciosos, enfim, tudo o que temos demonstrado nessa série de Investimentos Inteligentes.



#4 – Cisne Negro do Desemprego


Os economistas tem afirmado que o Brasil está passando por uma época de pleno emprego. Em algumas profissões faltam profissionais para ocupar as vagas disponíveis. Mas e se essa situação se inverter? E se você for demitido do seu empregado atual?

O desemprego é um dos maiores medos dos brasileiros. E não é para menos. Num mundo em que já não cultivamos nosso próprio alimento nem fabricamos nossa própria roupa e ferramentas, o dinheiro que recebemos em troca das nossas habilidades e conhecimentos é fundamental para nos mantermos (apesar de que há, no mundo atual, pessoas que optaram por viver sem ele).

Se este é um fantasma que nos ronda, devemos estar preparados. Veja algumas orientações:


  1. Gaste menos do que você ganha. Assim, o valor necessário para manter suas necessidades básicas será menor e menos difícil se adaptar à nova realidade;
  2. Faça uma reserva equivalente a seis ou até doze meses de sua renda e some-a a reserva de emergências (ou seja, sua reserva total deverá ser equivalente a doze ou até vinte e quatro meses de sua renda);
  3. Construa um patrimônio que possa te dar uma renda (imóveis para aluguel, por exemplo) evitando, dessa forma, desfazer-se de seu patrimônio para garantir seu sustento.
  4. Reduza seus gastos imediatamente após perder o emprego. Dessa forma estará maximizando o tempo útil de sua reserva.



#5 – Cisne Negro do Altamente Improvável


Os quatro primeiros Cisnes Negros citados são, na verdade, Cisnes Cinzas. Afinal são situações que conhecemos perfeitamente. E ainda assim as ignoramos. Então, imagine o quanto estamos despreparados para os Cisnes Negros reais?

Ainda não sabe quais são os Cisnes Negros reais? Veja alguns exemplos:

- Tsunami no Pacífico
- Primavera Árabe
- Catástrofe no Rio de Janeiro

Então, você está preparado para os Cisnes Negros?

Conclusão


A dicotomia que vivemos é poupar para o futuro ou ter prazer imediato.

Então pergunto, por que não os dois? Quem disse que não podemos poupar para o futuro e ter prazer imediato?

Warren Buffett a quarta pessoa mais rica do mundo, com um patrimônio estimado de US$ 53,5 bilhões, um dos investidores de maior sucesso dos últimos 200 anos, disse uma vez: “Gaste tudo o que sobra de sua poupança”.

Claro que a frase vinda de um bilionário soa boba. Afinal, é fácil para uma pessoa como ele poupar. Mas Buffett é o que chamamos de Self Made Man. Sua fortuna foi construída a partir de seu próprio esforço (conheça um pouco a vida dele).

Obviamente, Buffett é uma exceção. Poucos conseguiram e/ou conseguirão chegar ao nível de riqueza que ele conseguiu criar (para ele e para outros, vale lembrar). Mas isso não significa que os seus ensinamentos não valham para você.

Afinal se, seguindo seus ensinamentos, você conseguir chegar a marca de R$ 5,35 milhões (US$ 2,33 milhões – 0,004% da fortuna de Buffett) já não será uma vitória?

Pense nisso!

Um grande abraço e até a próxima!


Kleber Rebouças

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